A ENFF mantém quatro frentes de organização em seus cursos, segundo sua direção, e todos devem refletir os fundamentos da Educação Popular, da Pedagogia Socialista, e da Pedagogia do MST. Para isso, existe o Núcleo de Cursos Nacional, voltado às organizações brasileiras do campo e da cidade, com uma lista de cursos, como Introdução à Obra de Marx, Feminismo e Marxismo, Questão Agrária, entre outros, todos aglutinados neste Curso Nacional.
Existe o Núcleo de Cursos Internacional, específicos para as organizações do campo e da cidade na América Latina, sendo dois cursos, normalmente realizados nos dois semestres do ano. E desde 2014 há cursos para idioma inglês, dos outros Continentes. Os professores ministram aulas em inglês ou com tradução simultânea, com materiais pedagógicos traduzidos para o inglês. E em 2018 houve a primeira turma de idioma francês, para povos que falam essa língua, a maioria da África.
O terceiro Núcleo é o de Cursos Normais, que a ENFF desenvolve em parceria com as Instituições Públicas de Ensino Superior. Mesmo que alguns desses cursos não aconteçam no espaço da Escola Florestan Fernandes, a escola é a referência para essas parcerias.
Como exemplo, há o curso de Mestrado da UNESP, em que as aulas acontecem na ENFF; houve uma parceria com a FIOCRUZ (RJ), num curso em Saúde do Trabalho; uma parceria antiga, desde 2010 com a Universidade de Juiz de Fora (MG), numa Especialização em Questões da América Latina.
Há também as Graduações, que acontecem diretamente nos Estados, de 2007 até hoje, por exemplo, na área das licenciaturas, como em Pedagogia. “Essas parcerias estão muito ligadas ao PRONERA, porque este programa nacional de educação nas áreas de reforma agrária foi conquistado pelos movimentos sociais de educação do campo, o que possibilitou a milhares de militantes dessas organizações acessarem o ensino superior ou uma pós-graduação”, diz Rosana Fernandes.
A diretora lamenta que na atual conjuntura política o PRONERA (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária) esteja sendo esvaziado, estrangulado por falta de orçamento, mas no passado já foi muito forte no sentido da garantia financeira dessas parcerias com as Universidades. “É uma bandeira atual de resistência dentro do contexto político que nós estamos vivendo com o Governo Federal”, alerta.
Nesse contexto, a ENFF terá limitações em ampliar parcerias com as Universidades, dentro do PRONERA, e a alternativa seria buscar saídas junto às Instituições de Ensino Superior para dar conta de manter essa linha de acesso popular à educação de terceiro grau.
O quarto e último bloco de cursos da ENFF é o Núcleo Urbano Popular, que distintamente dos demais, que são levados às organizações populares para virem e fazerem os cursos, neste Núcleo a lógica se inverte: a escola que é demandada pelos movimentos. “Nós só organizamos os cursos demandados pelas Organizações Populares Urbanas, do Meio Sindical e até Partidos de esquerda”. Algumas dessas parcerias já foram bem-sucedidas, pensando juntos, ENFF e organizações, sobre o conteúdo programático desses cursos, sempre dentro dos parâmetros político-pedagógicos da escola.
(Comunicação AAENFF)